Bertolt Brecht Em Sonetos
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1 - Hábitos De Amar (1)
Não é exacto que o prazer só perdura.
Muitas vezes vivido, cresce ainda mais.
Repetir as mil versões prévias, iguais
é aquilo que a nossa atracção segura.
O frêmito do teu traseiro há muito
a pedi-las. Oh, a tua carne é ardil!
E a segunda é, que traz ventura mil.
Que a tua voz presa exija o desfruto!
Esse abrir de joelhos ! Esse deixar-se coitar!
E o tremer, que à minha carne sinal solta,
que saciada a ânsia, logo te volta!
Esse serpear laço! As mãos a buscar
-me. Tua a sorrir!
Aí, vezes que se faça
não fossem ja´tantas, não tinha tanta graça.
&
2 - O Décimo Terceiro Soneto (1)
A palavra por que tanto me ralhaste
vem do florentino. Fica é chamado
aí o sexo da mulher. De traste
O grande Dante foi então apodado
porque usou a palavra no poema.
Foi injuriado, li hoje como fora
pelo figo de helena Paris outrora
( Mas este tirou mais proveito do esquema).
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3 - Do Amante
Ai, a carne é fraca, não tem discussão.
E eu, que enfraqueci mulher de amigo,
evito o meu quarto, dormir não consigo.
Vejo-me à noite: atento a qualquer som!
E isso advém de o seu quarto afinal
ser contíguo do meu. O que me consome
É que eu ouço tudo, quando ele a come
e se não ouço, penso: é pior o mal!
Se já tarde os três bebemos um copito
e eu noto que o meu amigo não fuma,
e, quando a mira, põe olhos em bico,
encho o copo dela a deitar por fora
e obrigo-a a beber, se não colabora,
pra ela à noite não dar por nenhuma.
1 - Tradução: Ayres Graça
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4 - Sobre Os Poemas De Dante A Beatriz
Ainda hoje, na cripta onde jaz,
aquela que não pode fazer sua,
por mais que a seguisse pela rua,
uma emoção forte seu nome nos traz.
Pois ele cuidou de nos mantê-la na memória,
ao dedicar-lhe verso tão sublime
e não pode haver quem não se anime
a acreditar inteira em sua história.
Ah, que mau costume ele inaugurou então,
ao cobrir de louvor arrebatado
o que havia apenas visto e não provado!
Desde que versejou a uma simples visão
tudo de aparência bela e casta, a qualquer ensejo
cruzando uma praça, tornou-se objeto de desejo.
(Tradução: Paulo Cesar Souza - Editora Brasiliense 1987)
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5 - NONO SONETO
Quando a foder aprendeste, ensinei-te
a foder, tal que de mim esquecesses
e teu prazer do meu prato comesses
como se amor fosse, não eu, o teu deleite.
Disse-te: mal não faz, quando me esqueces
como se doutro te viesse o derriço!
Eu não me dou a mim, dou-te é um piço.
Não é por ser meu que te traz benesses.
Se bem pretendia que te metesses
na própria pele, não era nada a intenção
que numa te tornasses, que não pondera
quando, por acaso, um lhe está à mão.
Queria que de mil homens não carecesses
para saberes o que do homem te espera.
(Fonte:
http://abrancoalmeida.com/2008/02/12/o-nono-soneto/ )
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6 - SONETO 19
Há apenas uma coisa que eu não quero: que me rehuyeras.
Eu quero ouvi-lo queixar-se apenas você.
Para que você fosse surdo, você precisaria que você diz
e se você fosse mudo, o que você precisa ver
e mesmo se você fosse cego, ainda que ele quer vê-lo.
Tenho sido premiado como meu guardião,
o longo caminho não é nem um meio ir.
Considera a escuridão em que ainda estamos!
Portanto, não vale a pena me "Deixe-me ir, eu estou ferido!"
Portanto, não foi nenhuma "em qualquer lugar" e sim apenas um "aqui",
o serviço não foi cancelada, mas apenas adiada.
Bem, você sabe, quem não é livre é necessário.
Eu, no entanto, eu preciso de você, de qualquer forma.
Eu me diga e nós também podemos dizer.
( VIDE ORIGINAL...
Há apenas uma coisa que eu não quero: que me rehuyeras.
Eu quero ouvi-lo queixar-se apenas você.
Para que você fosse surdo, você precisaria que você diz
e se você fosse mudo, o que você precisa ver,
e mesmo se você fosse cego, ainda que ele quer vê-lo.
Tenho sido premiado como meu guardião,
o longo caminho não é nem um meio ir,
Considera a escuridão em que ainda estamos!
Portanto, não vale a pena me "Deixe-me ir, eu estou ferido!"
Portanto, não foi nenhuma " em qualquer lugar ", e sim apenas um" aqui ";
o serviço não foi cancelada, mas apenas adiada.
Bem, você sabe: quem não é livre é necessário.
Eu, no entanto, eu preciso de você, de qualquer forma;
Eu me diga e nós também podemos dizer.
) IN...http://loescriboportubien.blogspot.com.br/2012/03/soneto-19.html ....
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7 - O USO DAS PALAVRAS OBSCENAS
O uso das palavras obscenas
Desmedido eu que vivo com medida
Amigos, deixai-me que vos explique
Com grosseiras palavras vos fustigue
Como se aos milhares fossem nesta vida!
Há palavras que a foder dão euforia:
Para o fodidor, foda é palavra louca
E se a palavra traz sempre na boca
Qualquer colchão furado o alivia.
O puro fodilhão é de enforcar!
Se ela o der até se esvaziar: bem.
Maré não lava o que a arvore retém!
Só não façam lavagem ao juizo!
Do homem a arte é: foder e pensar.
(Mas o luxo do homem é: o riso).
(Tradução de Aires Graça) |
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8 - REIVINDICAÇÃO DA ARTE
Reivindicação da arte
A boa, que ao seu amor nada nega
E se lhe entrega com antecipação
Saiba: que não é boa vontade não
Mas talento, o que ele deseja na esfrega.
Mesmo se à velocidade do som
Do sou-tua dela à cópula chega
Não é pressa que o botão dele carrega
Quando às bolas seminais dá vazão.
Se é o amor que primeiro atiça o fogo
Precisa ela depois, para Inverno amparado
De ser dona ainda de um traseiro dotado.
De facto, mais que o fervor no olhar
(Também faz falta) um truque há que usar:
Coxas soberbas, em soberbo jogo.
(Tradução de Aires Graça) |
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9 - DO PRAZER DOS HOMENS CASADOS
Do prazer dos homens casados
Mulheres minhas, infiéis, adoro amá-las:
Vêem meu olho em sua pelve embutido
E têm de encobrir o ventre já enchido
(Como dá gozo assim observá-las).
Na boca ainda o sabor do outro homem
Ela é forçada a dar-me tesão viva
Com essa boca a rir para mim lasciva
Outro caralho ainda no frio abdómen!
Enquanto a contemplo, quieto e alheio
Do prato do seu gozo comendo os restos
Esgana no peito o sexo, com seus gestos
Ao escrever os versos, ainda eu estava cheio!
(O gozo ia eu pagar de forma extrema
Se as amantes lessem este poema.)
(Tradução de Aires Graça) |
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10 - DA SEDUÇÃO DOS ANJOS
Da sedução dos anjos
Anjos seduzem-se: nunca ou a matar.
Puxa-o só para dentro de casa
e mete-lhe a língua na boca e os dedos sem frete
Por baixo da saia até se molhar
Vira-o contra a parede, ergue-lhe a saia
E fode-o. Se gemer, algo crispado
Segura-o bem, fá-lo vir-se em dobrado
P'ra que do choque no fim te não caia.
Exorta-o a que agite bem o cu
Manda-o tocar-te os guizos atrevido
Diz que ousar na queda lhe é permitido
Desde que entre o céu e a terra flutue
-Mas não o olhes na cara enquanto fodes
E as asas, rapaz, não lhas amarrotes.
(Tradução de Aires Graça) |
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11 - O COITO E A SAUNA
O coito e a sauna
Melhor é foder primeiro, e então banhar.
Esperas que, curva, sobre o balde se ajeite
O traseiro nu miras com deleite
E tocas-lhe entre as coxas a reinar.
Mantém-na em posição, mas logo após
Assento no piço lhe seja permitido
Se duche quiser na cona, invertido.
Depois, claro, seguindo nossos avós,
Serve ela no banho. As pedras põe a apitar
Com bátega rápida (que a água ferva)
Com tenra bétula te açoita e corado
Em balsâmico vapor mais esquentado
A pouco e pouco te deixas refrescar
Suando agora a fodança em caterva. |
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(Obs.: Todos com fundo rosê, são do site Casa do Bruxo
http://www.casadobruxo.com.br/poesia/b/bertolt.htm
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